
Editorial
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Casas de Esperança é um projeto que ajuda menores em risco social a encontrarem seu lugar, seja na sua família biológica, numa adotiva ou na preparação para uma vida independente. Com esse fim, os menores são acolhidos em casas que, além de atender suas necessidades básicas, oferecem ajuda profissional para seu desenvolvimento educacional e psicológico. Cursos de música, informática e artesanato também fazem parte da rotina. A iniciativa é desenvolvida pela ADRA Brasil com sede em Minas Gerais e hoje mantém 11 casas com capacidade para abrigar 165 crianças.

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CONHEÇA AS ADOLESCENTES

Júlia
18 anos
A noite era fria e minha pele descoberta se arrepiava enquanto acendia um cigarro. Tinha marcado às 22h30 com o Nano para nos encontrar na esquina de sempre, mas ele demorava em chegar. Enquanto ele não aparecia, batia meu pé direito no chão, estava ansiosa. Em qualquer momento a polícia passaria por aí, como era de costume. Mas não tinha mais opção que esperar. De repente, minha espera se viu interrompida. Alguém chegou atrás de mim e segurou meus braços, me puxou pra um corredor ainda mais escuro. Outra pessoa se aproximou com uma faca. Eu não entendia o que tinha a ver com eles. Em segundos, um frio agudo no meu pescoço, senti sangue escorregando. Eles foram embora e, jogada no chão pensei que não veria mais o dia.
Mas hoje estou aqui, com a mão na cicatriz que me lembra desse passado.
O que aconteceu nessa noite não só penetrou minha pele, também feriu meu coração. Tinha sido acusada de roubo, mas era inocente. A verdadeira culpada era minha, então, única amiga que estava envolvida nesses assuntos. No momento me deparei com a realidade. Tinha depositado minha confiança nas pessoas erradas.
Minha vida na rua começou aos oito anos. Eu não sabia o que fazer. Não sabia roubar, nem pedir, e nisso a única saída que eu tive foi entrar no tráfico de drogas. Lembro os comentários dos que passavam do meu lado: “Ei, uma menina bonita dessas... o que ela está fazendo na rua?” “só para usar drogas! ”. Mas eles não sabiam o que eu estava passando. É verdade que ficar na rua não é a melhor coisa do mundo, mas eu já estava acostumada a fazer minhas próprias regras.
Porém, houve algo que me fez não desistir de mim mesma. Quando era criança também tinha meus sonhos. Dizia que queria ser manicure. Depois fui mudando de ideia, me interessei pelo direito e comecei admirar aos advogados. Viajando nesses pensamentos, voltei a sonhar. Me via no futuro como alguém independente e profissional. Isso era o que passava na minha cabeça cada vez que via as meninas do abrigo passar na rua. Eram simples, como eu, mas agora estavam trabalhando. Eu as via e queria ser como elas.
Minha rotina mudou quando o pessoal do Miguilim me fez o convite para ir com eles. Perguntaram se eu estava com fome, se queria tomar um banho. Eu fui. Fiquei na casa de acolhimento e comecei as oficinas de informática e artesanato. Depois disso, uma nova Júlia começou a viver. Uma Júlia com aspirações, com sede de superação.
Agora estou correndo atrás disso. Quero que no amanhã, quem olhe para mim não me veja como alguém que morou na rua. E sim como alguém que foi atrás do que queria. Muitos já me olharam pensando que eu não seria capaz de mudar. Mas a ADRA, os voluntários do Miguilim e o pastor Noedson foram os únicos que persistiram e disseram: ”Ela é capaz e ela vai vencer”. E eu estou vencendo.
Atualmente, Júlia mora em uma república onde poderá ficar até completar 21 anos. Ela planeja ter casa própria e completar um curso superior.
”Ela é capaz e ela vai vencer”.
E eu estou vencendo.
CONHEÇA OS BABIES
RIQUELME
8 meses
introvertido, gosta muito de “colinho”, chora querendo atenção exclusiva, é um pouco impaciente, gosta de objetos que fazem barulho.
CASA 2
LUCAS
8 meses
muito esperto para a sua idade, já está quase andando. Tranquilo, carinhosa e muito sorridente. Gosta de mordedores
(fase de coçar os dentes)
CASA 2
VALENTINA
1 ano e 8 meses
carinhosa, inteligente e muito sociável . Aventureira e desafiadora, não tem medo de nada. Gosta de brincar no parquinho, pula-pula, piscina de bolinhas, balanço e escorregador.
CASA 2
JOÃO MIGUEL
1 ano e 9 meses
recém chegado à unidade, de fácil adaptação, sociável, ágil, inteligente, gosta de escalar em tudo, bem ciumento, gosta de carrinhos e motos.
CASA 2